Jota
“ Será importante começar pelo início, de forma a que entendam o porquê da escolha do lugar para aquele que foi o dia que marcou o início desta aventura. O Casamento.
O meu nome é João, tenho 28 anos e sou o tipicamente chamado, “alfacinha”, apaixonado pela cidade de Lisboa, pela sua luz e especialmente pelo Tejo, que nos passa a riqueza da história e transparece o azul do céu.
Quando conheci o meu, hoje, noivo, foi junto ao Tejo, na margem do Arrepiado, que programamos os nossos primeiros dias e confidenciamos sonhos e objectivos.
O sonho de casar foi desde cedo algo muito falado entre os dois e em família. Somos dois seres com uma carga emotiva gigante e temos para nós que no Amor encontramos a vontade de viver e aproveitar a Vida.
Dois anos após muitas outras aventuras a dois, deu-se o clique, e eu comecei a instigá-lo acerca do sonho que à data era mais imponente, o de casarmos.
Desde logo achei que a escolha da aliança de casamento seria o mais difícil, dada a minha exigência visual, e dado o gosto do João. Mas na realidade este, acabou por ser um dos passos mais fáceis .... até porque como não queria arriscar muito, fui lhe mostrando algumas até chegar à escolhida. Pois bem o primeiro passo estava concluído, a partir daí supostamente viria o passo mais fácil : o pedido.
Entre os dois, sempre fui o das surpresas, o das comemorações especiais, ainda que ele ao longo destes anos tenha aprendido umas quantas. Pelo que, achei que seria fácil e rápida esta fase final. Mas não, a aliança ficou escondida entre bolsas e bolsinhas durante o período de 6 meses.
O medo de ele a encontrar era constante, até que a vida me deu um sinal, e levou para os céus uma pessoa especial, com quem eu partilhei que iria casar. Nesse momento percebi o real sentido da nossa existência. Nós somos responsáveis por passar pela vida e não a vida por nós.
Nesse mesmo fim-de-semana falei com os meus pais e com a minha sogra, e dei-lhes a saber que daí a um mês iria avançar com o pedido, no dia 27 de Novembro, aniversário do João.
A desculpa para convidar a família e amigos era perfeita. Os nervos deram de imediato conta de mim. Mas na realidade não havia muito em que pensar, o sítio desde muito cedo estava escolhido. O miradouro do castelo de Almourol. Foi lá que tudo começou, que todos os planos a dois começaram.
Desde cedo imaginei um corredor de familiares e amigos, na escadaria do miradouro. A acompanhá-los pensei em pequenos apontamentos como mensagens e/ou palavras que nos fizessem sentido e nos definissem.
Faria sentido que estes, estivessem escritos em garrafas como se de pergaminhos falássemos, pois foi numa garrafa semelhante, que pedi o João em namoro.
Até à última procurei uma caixa, e é então que naquela sexta-feira, dia 26 de Novembro, num ato de descargo de consciência entrei numa loja a caminho de casa, e ali estava ela, na cor que viria a ser mote do nosso dia e que dará cor ao altar por meio das nossas damas.
Contei apenas aos meus pais, aos meus irmãos, a minha sogra e a três primas que desde cedo alinharam nesta aventura connosco.
Chegado o dia, tentei esconder ao máximo o meu nervosismo e ansiedade. A meio da tarde, pedi a dois tios que o levassem a comprar mais bebida, e que de lá o levassem até ao miradouro, já vendado.
Em casa, assim que o carro onde ele seguia arrancou, mobilizei toda a família e amigos para o local com a desculpa de que teria uma prenda preparada. Vocês não os conhecem, mas os nossos alinham em tudo, ainda que as condições climatéricas não fossem as melhores.
No caminho chorei, sorri e arrepiei-me, pois aquele momento não faria sentido de outro jeito que não, do nosso jeito.
Atribuídas as palavras (partilha, caminho, futuro, vida, comunhão, família) e mensagens, como a do primeiro “olá”, só faltaria a música, e nada melhor que o “Ciclo da Vida”.
Eu, no fundo do corredor humano, tremia de alegria, de orgulho, e emocionado, com o sonho que ali começaria e se tornaria mais real.
Foi então que, na presença de todos os que mais amamos e nos amam, e abençoados pelo Tejo ...
Ele, disse SIM! “
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