Se encontrou a pessoa com a qual quer passar o resto da sua vida, já sabe que o próximo passo é o pedido de casamento, certo? E para isso precisa de comprar “o” anel, não é? A resposta é “sim”, mas alguma vez parou para pensar porquê? Porque é que o noivado é celebrado com um anel?
A I LOVE Brides explorou a fundo esta temática e explica-lhe tudo.
Ourivesaria Tavares |
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É preciso recuar até ao tempo do Antigo Egipto para percebermos o motivo de existirem anéis de noivado.
No tempo das pirâmides, dos faraós e das múmias, acreditava-se que a forma circular simbolizava a eternidade.
Os egípcios viam o aro/ anel como a representação da vida eterna e do amor infinito, devido ao seu formato sem ínicio, nem fim.
Estes primeiros anéis de noivado eram feitos a partir de caules de junco, ou recorrendo ao couro. Devido à fragilidade destes materiais, era comum os casais, passado algum tempo, substituirem estes anéis por outros feitos a partir de osso ou marfim.
A tradição de usar anel de noivado no dedo anelar da mão esquerda remonta, também, a esta época, uma vez que os antigos egípcios acreditavam que esse dedo tinha uma ligação direta com o coração, através de uma veia (veia essa que foi, mais tarde, denominada “Vena Amoris”).
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Apesar de ter um início bastante romântico, a verdade é que, no tempo da Roma Antiga, o anel de noivado significava, apenas, o “fecho de um contrato de negócio” e o consequente dever de obediência da noiva ao futuro marido.
Segundo alguns historiadores, era usual o noivo oferecer não um, mas dois anéis de noivado: um de ouro (que deveria ser usado durante a cerimónia de noivado e em eventos especiais, ou seja, em público) e outro de ferro (que deveria ser usado em casa, simbolizando o acordo legal que “transformava” a noiva num bem/ propriedade do noivo).
Arquéologos e antropólogos afirmam, ainda, que foram os antigos romanos que iniciaram o costume de fazer pequenas gravações nos anéis (uma prática que sobreviveu à fragmentação do Império Romano e que chegou até aos dias de hoje).
The Metropolitan Museum of Art |
Ourivesaria Tavares |
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Em 860 D.C, o Papa Nicolau I decretou uma lei que obrigava o noivo a oferecer um anel de noivado para que o casamento fosse considerado válido.
Segundo a ordem papal, o anel deveria ser de ouro, visto que só assim é que o noivo garantia ter capacidade de sustentar a futura esposa.
Em 1215, o Papa Inocêncio III tornou a situação ainda mais rigorosa ao instituir, oficialmente, um período de noivado que deveria ser publicamente divulgado. Caso os noivos não cumprimessem esta regra, o casamento seria considerado clandestino.
Quase podemos dizer que, se vivessem no nosso século, estes dois Papas seriam fãs incondicionais de Beyoncé!
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Sabe quem foi a primeira noiva a receber um anel de diamantes? A resposta certa é: Maria de Borgonha ou, se preferir utilizar o nome original, Marie de Bourgogne.
Maria herdou o Ducado de Borgonha (que agora faz parte do território francês) quando tinha apenas vinte anos. Na altura, esta região era bastante rica (tão rica que a duquesa ficou conhecida como Maria, a Rica!), assim, não é de estranhar que príncipes e reis (e irmãos de reis!) tenham competido pela sua mão.
Apesar dos inúmeros candidatos, Maria acabou por escolher, não um rei, nem um príncipe, mas sim um arquiduque (ou melhor, o filho de um arquiduque). O nome dele? Maximiliano.
Segundo alguns historiadores, Maria e Maximiliano casaram-se, não apenas por razões políticas, mas, também, por amor.
De facto, para selar o seu compromisso com a duquesa, Maximiliano ofereceu-lhe um anel de diamantes (o primeiro de que há registo na História!) com a forma de um “M” (de Maria e de Maximiliano).
Maximiliano queria, através deste anel, transmitir à sua noiva a vontade de construir, com ela, uma relação resistente a tudo e que perdurasse no tempo (uma vez que os diamantes são eternos)– Carlos Tavares, Ourivesaria Tavares |
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Infelizmente, a história de amor destes dois apaixonados foi bastante curta. Maria morreu depois de uma queda de cavalo, cinco anos após o casamento, em 1482.
Maximiliano casou-se, novamente (por duas vezes), mas foram casamentos infelizes (o primeiro, com Ana, Duquesa da Britânia, realizou-se por Proxy e foi dissolvido antes de os noivos se terem chegado a encontrar; o segundo não originou descendência).
O que é certo é que Maximiliano nunca mais ofereceu nenhum anel de diamantes a ninguém...
Ourivesaria Tavares |
Na Europa, entre 1500 e 1600, tornou-se comum a utilização do anel gimmel para oficializar o noivado.
Este tipo de anel era composto por dois ou três anéis entrelaçados. Ficou confuso? É simples, basta seguir a lógica das peças de puzzle!
Segundo alguns documentos da época, assim que ficavam noivos, tanto a mulher, como o homem, usavam um anel de noivado. A cerimónia de noivado era realizada algum tempo depois. Nesse dia, os noivos juntavam os anéis e o noivo entregava o seu à noiva. A noiva passava, assim, a usar dois anéis que, apesar de serem independentes, encaixavam um no outro, de forma a constituirem um só anel.
Martinho Lutero, uma das figuras centrais da Reforma Protestante, no seu noivado com Catarina von Bora, escolheu, como anel de noivado, um anel gimmel.
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The Metropolitan Museum of Art |
O Renascimento foi o tempo do anel poema, ou poésie (palavra francesa). Apesar de, na Roma Antiga, já existirem anéis com gravações, a verdade é que foi nesta altura que as inscrições no interior dos anéis ganharam mais adeptos e se desenvolveram.
Mencionado, frequentemente, por Shakespeare, este tipo de anel era decorado com palavras e versos românticos, acrescentando ainda mais valor e significado à cerimónia de noivado.
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Victoria and Albert Museum |
No início do século XIX desenvolveu-se outro tipo de anel de noivado, o Dearest (querido)!
O nome peculiar deste anel justifica-se pela forma como as pedras preciosas eram colocadas – numa linha reta, pela seguinte ordem: diamante, esmeralda, ametista, rubi, esmeralda (outra vez), safira e topázio.
Se prestar atenção à letra inicial de cada palavra, verifica que, juntas, formam a palavra inglesa “dearest”. Original, não?
A.W Porter & Son |
Em 1867, a descoberta de uma mina de diamantes, na África do Sul, marcou o aumento da procura destas pedras.
Este fenómeno de popularidade aumentou, ainda mais, a partir de 1947, quando a De Beers (o famoso grupo de empresas dedicado ao comércio de diamantes) lançou a publicidade “A Diamond is Forever”. Desde então, as estrelas de Hollywood não dispensam, tanto no ecrã, como fora dele, o anel de diamante, influenciando o resto dos “comuns dos mortais”.
De Beers |
Mas a verdade é que o grande acontecimento da História do anel de noivado surgiu no ano de 1886. Foi esse o ano que revolucionou o universo dos anéis de noivado ao apresentar um novo design ao público – o Solitário!
Contrariando a moda vitoriana (anel com pedras preciosas incrustadas à volta do aro, ao qual eram acrescentados enfeites e gravuras), Charles Lewis Tiffany, o fundador da Tiffany & Co, decidiu criar um anel simples e elegante, capaz de refletir o máximo de luz possível.
Para isso, Tiffany elevou o diamante (colocando-o bastante acima do aro) com a ajuda de seis pequenos suportes de metal (com a mesma distância entre eles) adaptados à medida exata do diamante. |
Tiffany & Co |
Charles Tiffany optou, também, por não adicionar qualquer tipo de decoração ao aro (deixando-o “limpo”), de modo a enfatizar, ainda mais, a peça central – o diamante!
Resultado: sucesso garantido até ao tempo Presente.
Romantis |
Atualmente, o mercado da ourivesaria apresenta várias propostas de anéis de noivado, de forma a satisfazer os gostos cada vez mais diversificados e exigentes dos noivos.
Apesar de o “Solitário” continuar a ser o grande bestseller, todos os anos surgem novas tendências e atualizações das peças mais tradicionais.
Mais do que uma joia, o anel de noivado é um símbolo de amor e de compromisso que, por mais que os anos passem, nunca passa de moda.
| Redação: Bárbara Barbosa |