A cada coleção de Jesus Peiró, a diretora criativa Merche Segarra se concentra em nos conduzir a exploração máxima de nossos sentidos. De inspirações com memórias olfativas, como a coleção Perfume (2015), passando por outras conceitual e visualmente intensas, tal como Nanda Devi (2016), a temas que brincam com nossa percepção de sabores, como Mirtilli (2017). Para 2018, o convite da grife é uma viagem ao passado, precisamente à Nova Iorque dos anos 30, início do século XX, para contemplar a magnificência de sua Metropolis.
Ao passo que o avanço tecnológico e a modernidade da Big Apple assombrava, a arte vencia o amontoado de vigas para dialogar mais de perto. Como inspiração, a imponência dos edifícios tomando o céu e a arquitetura vanguardista do movimento Art Déco junto às tecnologias de informação e comunicação rompendo tempos modernos se sutilizaram para vestir uma beleza nada inflexível - “construída desde o interior como a arquitetura dos arranha-céus”.
A geometria, os ornamentos e as linhas estilizadas guiadas pela Arts Décoratifs deram subsídio à uma noiva visionária, que brincou com sua própria silhueta e trouxe do horizonte nova-iorquino a base para decotes, sobreposições e uma mistura de pesos e texturas com bordados metálicos. A Metropolis de Jesus Peiró ressaltou que nos detalhes se encontram os aspectos mais grandiosos. O azul é quase cinza, mas luminoso, tal como o céu diante da cidade da luz. Os brincos tão longos quão altos são os arranha-céus. E a estética é perfeitamente harmônica, mesmo diante de desconstruções e assimetrias. Na coleção, NY inspira-nos um pouco caótica, mas com uma beleza e excentricidade que é só dela.
Milene Sousa Correspondent at large
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